Aspectos Clínicos
Leishmaniose Tegumentar Americana
Manifesta-se em cerca de 5% dos pacientes, com lesões metastáticas, ulceradas, geralmente em mucosa nasal. As lesões são erosivas e quase nunca autolimitadas. Se não tratadas, podem ser desfigurantes e levar ao óbito por infecção secundária. As lesões seriam determinadas durante parasitemia, no início da doença.
A leishmaniose tegumentar americana (LTA) inclui a leishmaniose cutânea (LC), leishmaniose cutâneomucosa (LCM) e leismaniose cutânea difusa (LCD).
A forma cutânea é a mais comum e caracteriza-se por úlceras com bordas elevadas em moldura. O fundo é granuloso com ou sem exsudação. Em geral estas úlceras são indolores. A forma difusa é caracteirzada por lesões cutâneas ricas em parasitas de aspecto queloidiano por toda a pele. O acometimento mucoso ocorre em 1/3 dos casos e acontece por disseminação sangüínea ou linfática. Geralmente se manifesta tardiamente (dois a dez anos após o início da infecção), atingindo preferencialmente as mucosas do trato respiratório superior (principalmente mucosa nasal). Inicialmente há eritema e infiltração da mucosa nasal, evoluindo posteriormente com ulceração e perfuração do septo nasal. Pode haver desabamento do nariz, dando o aspecto de “nariz de anta”. Estas lesões, muitas vezes acometem a boca envolvendo lábios, palato, orofaringe e laringe causando disfonia ou até mesmo afonia (perda da fala), e se apresentam dolorosas, edematosas e infiltradas. Outras mucosas como língua e orgãos genitais são raramente atingidos. Existe também a forma úlcero-crostosa, impetigóide, ectimatóide, úlcero-vegetante, verrucose, tuberosa, linquenóide e outras.
Leishmaniose Visceral Americana
As manifestações clínicas da LVA é o resultado da multipicação dos parasitos nas células, da resposta imunitária do indivíduo e das alterações degenerativas resultantes desse processo. Deste modo há muitos infectados que apresentam a forma inaparente ou a forma aparente da doença .
*Forma inaparente - Paciente com sorologia positiva, ou teste de leismania positivo ou encontro de parasito em tecido sem sintomatologia clínica manifesta.
*Forma aparente - Pode ser aguda, oligossintomática, clássica ou refratária.
Aguda - O início pode ser abrupto ou insidioso. Na maioria dos casos a febre é o primeiro sintoma podendo ser alta e contínua ou intermitente, com remissões de uma ou duas semanas. Observa-se hepatoesplenomegalia (aumento do fígado e do baço), adinamia, perda de peso e hemorragias. Ocorre anemia com hiperglobulinemia. Geralmente não observa-se leucopenia ou plaquetopenia.
Oligossintomática - A febre é baixa ou ausente, a hepatomegalia está presente, a esplenomegalia quando detectada é discreta. Observa-se adinamia. Ausência de hemorragia e caquexia.
Clássica - Evolui com febre, astenia, adinamia, anorexia, perda de peso e caquexia. A hepatoesplenomegalia é acentuada, de intensa palidez de pele e mucosas e anemia severa. Observa-se queda de cabelo, crescimento e brilho dos cílios e edema menbros inferiores. Os fenômenos hemorrágicos são: gengivorragia, epitaxis, esquimose e petéquias. As mulheres frequentemente apresentam amenorréia. Os exames laboratoriais revelam anemia acentuada, leucopenia, plaquetopenia, hiperglobuçinemia e hipoalbuminemia.
Refratária - É uma forma evolutiva do calazar clássico que não respondeu ao tratamento ou respondeu parcialmente ao tratamento com antimoniais. É clinicamente mais grave devido ao prolongamento da doença sem resposta terapêutica.
Os pacientes de calazar em geral têm com causa de óbito as hemorragias e as infecções associadasa em virtude da debilidade física e imunológica.